Nunca sonhei em ser pai
E hoje sou apaixonado pela minha vida com dois pequenos
Niterói, 19 de março de 2025 às 6:20.
Hoje vivo um sonho acordado, apaixonado pela vida como pai, mas a verdade é que eu NUNCA sonhei em ser pai — olha que louco!
Nessa jornada de compartilhar os desafios dentre as maravilhas da paternidade me perguntei: “tá, mas como a paternidade começou para mim?”.
Como sempre gosto de falar sobre aquilo que é pouco falado por aí, esse post é mais um da série “ninguém te conta”.
Ninguém te conta que nem todo pai sonha em ser pai.
Será que alguém sonha? Será que existe esse “chamado” da paternidade na vida de outros homens?
Eu posso estar errado, mas me conta aí como é ou foi para você (ou para seu marido/namorado):
(Estou testando essa funcionalidade pela primeira vez, me avisa se não funcionar)
Investigando como foi comigo, perguntei à Julia para me relembrar (ela é sempre o HD do casal e coautora dos textos aqui).
Obviamente o primeiro contato com o tema é na concepção, mas não vou explicar como uma criança é feita (rs), essa parte já sabemos.
Para chegar nesse momento do “vamos nessa”1, a decisão já foi tomada antes.
No nosso caso não houve um “vamos nessa”. Ela sempre sonhou em ser mãe e ter uma família, diferente de mim. O assunto chegava meio atravessado nas nossas conversas e eu fui absorvendo “por osmose”.
O assunto filhos me gerava bastante MEDO. Os métodos contraceptivos eram levados muito a sério.
Minha hipótese é que grande parte dos homens não tem esse sonho.
Acredito que, por termos uma sociedade onde os aspectos do “cuidar da família” são delegados à mulher, essas questões ficam fora do radar.
É bom? É ruim? Não sei, mas meu ponto é mais sobre o fato do que a causa. O fato é que é um assunto pouco presente no mundo dos homens (me conta lá na pesquisa acima, quero saber).
Com muito diálogo e abertura, foi ficando mais natural. Tem uma história curiosa que ocorreu em uma viagem para Amsterdam que nos ajudou a iniciar a concepção “desprotegida”, e de lá para cá a avenida se abriu para a chegada de um filho. Essa história fica para papos inbox ou em jantares entre amigos :)
Agora, me pergunto se ter acontecido aos poucos, de forma pouco planejada fez o processo ser menos proveitoso ou positivo ao final?
A resposta categórica para mim é: Não ter sonhado com isso COM CERTEZA não me fez um pai pior.
Fico pensando se ter tido um pouco mais de consciência ajudaria. Não dá para saber também.
O que sei é que foi indo e deu certo.
Mas o que fez dar certo, afinal?
A abertura ao relacionamento e conexão entre nós que vinha crescendo, foi tornando algo “natural”, mesmo que inconsciente ou pouco planejado. Fomos nos encontrando no meio do caminho e construindo o desejo e conscientização.
Escrevendo esse texto percebi que os mesmos aspectos que me fizeram “me abrir à nova identidade como pai” também foram importantes ao me abrir para a “nova identidade como casal”.
Não é nem que nunca sonhei em ser pai, eu nunca sonhei em ter uma família.
Isso me levou a um insight:
“a paternidade é um processo de abertura do EU ao NÓS”
Para sermos 3 (pais com um filho) precisamos primeiro ser 2 (o casal). Isso envolve MUITA coisa e muito aprendizado.
Olhando em retrospecto, me parece que o fator chave foi cuidar cada vez melhor do “nós 2”, do relacionamento, essa abertura do EU ao NÓS começa no relacionamento.
Esse insight será o gancho para o próximo domingo, quando falaremos mais sobre isso.
Voltando ao tema inicial, em resumo nunca sonhei em ser pai, e hoje sou maravilhado com essa vida. O que permitiu isso acontecer foi uma construção a dois que envolveu autoconhecimento, cumplicidade, relacionamento e muito diálogo.
Portanto, se você, como eu, nunca sonhou em ser pai, fique tranquilo.
Na série “isso ninguém te conta” de hoje vimos que:
Tudo bem estar com medo ou ansioso
Nem todo mundo é super decidido
Nem todos sonham em ser pai
Nem todos sonham em ter família
Ainda assim, com observação de si, disposição e diálogo é possível ter uma vida maravilhosa com filhos e uma família.
Se está lendo até aqui, você é uma pessoa preocupada com seu crescimento e certamente vai passar bem por isso.
Se você se identificou, me conta (curta, comente, responda o email, dá seu jeito). Quero ouvir seu ponto de vista!
Até o próximo domingo para falarmos mais sobre algo que “ninguém te conta” sobre paternidade!
Abs,
Pedro.
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Obs: é claro que tem gravidez não planejada, estamos falando daquelas planejadas ou desejadas pelo casal