Bom Jardim, 02 de março de 2025, às 17:04.
Me lembro de na época de namorados eu e Julia termos discussões e ela falava “e quanto tivermos filhos”? etc etc. Esses assuntos de casamento, filhos, simplesmente não existiam na minha cabeça.
Eu nunca havia sonhado em ser pai, e hoje não me vejo de outra forma.
A paternidade é maravilhosa e desafiadora ao mesmo tempo. A parte maravilhosa todos conhecem, a desafiadora alguns imaginam, mas ninguém fala abertamente sobre.
O desafio não é, apenas, trocar fraldas ou dormir menos, o desafio é recriar a sua identidade, dar “tchau” ao seu antigo EU para convidar seu novo EU à sua nova vida.
“o desafio é recriar a sua identidade, dar “tchau” ao seu antigo EU para convidar seu novo EU à sua nova vida”
Com a paternidade uma nova identidade se apresenta. Eu tentei por um tempo sustentar a identidade antiga. Ver filme até tarde, mas acordava esgotado depois de uma noite péssima, e a criança não está nem ai se você acordou bem ou mal. Futebol à noite toda segunda, deixava a rotina bagunçada. Tentativas de ter um jantar a dois, sempre interrompidas ou sem energia. O campeonato de videogame (vergonha em assumir isso rs) não conseguia. Netflix nunca mais. Dormir tarde a acordar a hora que quiser, acabou.
Algo me incomodava e eu não enxergava, e essa sensação de insatisfação e mal humor só crescia. Acho que rolou uma “depressão pós parto”, nem sei se existe para homens. O fato de olhar o sentimento negativo vindo de algo tão amado e indefeso gerava culpa.
Mas dentro de mim sabia que todo incômodo é um sinal para mudança, e ela só pode vir de dentro, mesmo que estimulada por fora.
Me lembro como se fosse hoje, após muitos incômodos e dias difíceis no início eu virar para a Julia e falar:
— “então agora é assim, né”?
Ela, com uma sabedoria incrível, e possivelmente com uma ficha que já tinha caído há muito tempo simplesmente falou:
— “é”
A partir daí, de aceitar isso, tudo mudou para mim. Aceitei que a vida havia mudado, que parte de uma identidade havia morrido em mim, e busquei parar de reclamar e começar e fazer diferente.
Obviamente não é um mar de rosas e tem muitos detalhes no meio disso, mas o relevante de compartilhar é que existiu um “momento onde a ficha caiu”.
Como foi para você? Fez algum sentido?
Obrigado pela leitura e adorarei ouvir feedbacks!
Abraços,
Pedro.
Esse é o primeiro post dessa Newsletter focada em compartilhar os desafios que passei na paternidade e como superei para viver minha melhor versão.
Esse “ambiente de teste” ajudará a escrever o livro “Paternidade Antifrágil - Como evoluir a partir dos desafios que ninguém te conta”.
Espero que ajude a olhar a vida por outros ângulos e encurtar um caminho que demorei a visualizar.